segunda-feira, 12 de abril de 2010

As orientações em relação ao uso do alho, por exemplo, incluem deixá-lo em água à temperatura ambiente, em vez de usar água fervente.



A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou nesta quarta-feira (10) uma regulamentação para o uso de plantas medicinais, com o objetivo de popularizar a prática. A medida, que faz parte da RDC 10, busca esclarecer quando e como as drogas vegetais devem ser usadas para se alcançar efeitos benéficos.
“O alho é um famoso expectorante e muita gente tem o hábito de usá-lo com água fervente. No entanto, para aproveitar melhor as propriedades terapêuticas, o ideal é deixá-lo macerar, ou seja, descansar em água à temperatura ambiente”, explica a coordenadora de fitoterápicos da Anvisa, Ana Cecília Carvalho.
Inaladas, ingeridas, usadas em gargarejos ou em banhos de assento, as drogas vegetais têm formas específicas de uso e a ação terapêutica é totalmente influenciada pela forma de preparo. Algumas possuem substâncias que se degradam em altas temperaturas e por isso devem ser maceradas. Já as cascas, raízes, caules, sementes e alguns tipos de folhas devem ser preparados em água quente. Frutos, flores e grande parte das folhas devem ser preparadas por meio de infusão, caso em que se joga água fervente sobre o produto, tampando e aguardando um tempo determinado para a ingestão.
Preparo correto
Outra novidade da resolução diz respeito à segurança: a partir de agora as empresas vão precisar notificar (informar) à Anvisa sobre a fabricação, importação e comercialização dessas drogas vegetais no mínimo de cinco em cinco anos. Os produtos também vão passar por testes que garantam que eles estão livres de microrganismos como bactérias e sujidades, além da qualidade e da identidade.
Além disso, os locais de produção deverão cumprir as Boas Práticas de Fabricação, para evitar que ocorra, por exemplo, contaminação durante o processo que vai da coleta, na natureza, até a embalagem para venda. As embalagens dos produtos deverão conter, dentre outras informações, o nome, CNPJ e endereço do fabricante, número do lote, datas de fabricação e validade, alegações terapêuticas comprovadas com base no uso tradicional, precauções e contra indicações de uso, além de advertências específicas para cada caso.
Drogas vegetais x fitoterápicos
As drogas vegetais não podem ser confundidas com os medicamentos fitoterápicos. Ambos são obtidos de plantas medicinais, porém elaborados de forma diferenciada. Enquanto as drogas vegetais são constituídas da planta seca, inteira ou rasurada (partida em pedaços menores) utilizadas na preparação dos populares “chás”, os medicamentos fitoterápicos são produtos tecnicamente mais elaborados, apresentados na forma final de uso (comprimidos, cápsulas e xaropes).
Todas as drogas vegetais aprovadas na norma são para o alívio de sintomas de doenças de baixa gravidade, porém, devem ser rigorosamente seguidos os cuidados apresentados na embalagem desses produtos, de modo que o uso seja correto e não leve a problemas de saúde, como reações adversas ou mesmo toxicidade.
As orientações da Anvisa para o uso de plantas medicinais podem ser encontradas em um documento em pdf no portal da agência (http://www.anvisa.gov.br/).
Saiba como utilizar algumas plantas medicinais populares
Nome Forma de utilização Modo de usar Alegações Contraindicações Efeitos adversos
Alho



Maceração: 0,5 g (1 col café) em 30 mL (cálice)
Utilizar 1 cálice 2 x ao dia antes das refeições
Hipercolestero lemia (colesterol elevado). Atua como expectorante e antisséptico
Não deve ser utilizado por menores de três anos e pessoas com gastrite e úlcera gástrica, hipotensão (pressão baixa) e hipoglicemia (concentração de açúcar baixo no sangue). Não utilizar em caso de hemorragia e em tratamento com anticoagulantes
Doses acima da recomendada podem causar desconforto gastrointestinal




Carqueja



Infusão: 2,5 g (2,5 col chá) em 150 mL (xíc chá)
Utilizar 1 xíc chá de 2 a 3 x ao dia
Dispepsia (Distúrbios da digestão)
Não utilizar em grávidas, pois pode promover contrações uterinas. Evitar o uso concomitante com medicamentos para hipertensão e diabetes
O uso pode causar hipotensão (queda da pressão)




Picão
Infusão: 2 g (1 col sobremesa) em 150 mL (xíc chá)
Utilizar 1 xíc chá 4 x ao dia
Icterícia (coloração amarelada de pele e mucosas devido a uma acumulação de bilirrubina no organismo)
Não utilizar na gravidez
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Capim cidreira
Infusão: 1-3g (1 a 3 col chá) em 150 mL (xíc chá)
Utilizar 1 xíc chá de 2 a 3 x ao dia
Cólicas intestinais e uterinas. Quadros leves de ansiedade e insônia, como calmante suave
Pode aumentar o efeito de medicament os sedativos (calmantes)




Alcachofra
Infusão: 2 g (1 col sobremesa) em 150mL (xíc chá)
Utilizar 1 xíc chá 3 x ao dia
Dispepsia (distúrbios da digestão)
Não deve ser utilizado por pessoas com doenças da vesícula biliar. Usar cuidadosamente em pessoas com hepatite grave, falência hepática e câncer hepático
O uso pode provocar flatulência (gases), fraqueza e sensação de fome




Mulungu
Decocção: 4 a 6 g (2 a 3 col de sobremesa) em 150 ml (xíc chá)
Utilizar 1 xíc chá de 2 a 3 x ao dia
Quadros leves de ansiedade e insônia, como calmante suave
Não usar por mais de 3 dias seguidos




Erva cidreira
Infusão: 1 a 3 g (1 a 3 col chá) em 150 mL (xíc chá)
Utilizar 1 xíc chá de 3 a 4 x ao dia
Quadros leves de ansiedade e insônia, como calmante suave. Cólicas abdominais, distúrbios estomacais, flatulência (gases), como digestivo, e expectorante
Usar cuidadosamente em pessoas com hipotensão (pressão baixa)
Doses acima da recomendada podem causar irritação gástrica, bradicardia (diminuição da frequência cardíaca) e hipotensão (queda da pressão)




Camomila
Infusão: 3 g (1 col sopa) em 150 mL (xíc chá)
Utilizar 1 xíc chá de 3 a 4 x ao dia
Cólicas intestinais. Quadros leves de ansiedade, como calmante suave
Podem ocorrer reações alérgicas ocasionais. Em caso de superdose, pode ocorrer o aparecimento de náuseas, excitação nervosa e insônia--






"Estou em Paz com o Universo Inteiro e desejo que todos os SERES realizem suas aspirações mais íntimas"(Círculo Esotérico Comunhão do Pensamento)Pelas Pessoas, Pelos Animais, Pelo Planeta! Ano de Graças 2010



Claudia Lulkin



EcoNutricionista Vegana



Educadora Popular

Misturar ervas e até chá verde com remédios pode ser perigoso



Por Roni Caryn Rabin
The New York Times

Até o chá verde pode interferir com remédios, como ocorre com o anticoagulante varfarina
O álcool interfere, mesmo, na ação de antibióticos?
Confira um guia para o uso seguro de remédios
UOL Ciência e Saúde
Pesquisadores alertam que ervas e suplementos populares, incluindo erva de São João e até mesmo alho e gengibre, não se misturam bem a medicamentos comuns para o coração, e também podem ser perigosos para pacientes que tomam estatina, anticoagulante e remédios para a pressão arterial.
Considerado um antidepressivo natural, a erva de São João eleva a pressão e os batimentos cardíacos. Já o alho e o gengibre aumentam o risco de hemorragias em pacientes que tomam anticoagulantes, afirmaram os pesquisadores. Mesmo o suco de toranja (grapefruit) pode ser arriscado, aumentando os efeitos de bloqueadores dos canais de cálcio e estatinas, disseram eles.
“Esta não é uma pesquisa nova, mas existe uma tendência na direção de um uso cada vez maior desses compostos. Os pacientes muitas vezes não discutem com seus médicos os compostos que tomam por conta própria”, disse Dr. Arshad Jahangir, autor de um artigo publicado esta semana no The Journal of the American College of Cardiology.
O trabalho inclui uma lista com mais de duas dúzias de produtos de ervas que os pacientes deveriam usar com cautela, além de uma lista de interações comuns entre medicamentos e ervas. Entre os produtos listados estão o ginkgo biloba, o ginseng e a equinácea, assim como algumas surpresas como o leite de soja e o chá verde – que podem reduzir a eficácia do anticoagulante varfarina – e até mesmo a babosa e o alcaçuz.
Os médicos precisam ser mais assertivos e perguntar aos pacientes sobre as ervas e suplementos que eles tomam; já os pacientes precisam revelar essa informação a seus médicos, disse Jahangir.
Para quem toma suplementos de alho acreditando que isso melhorará a saúde de seu coração, explicou Jahangir, “as pessoas vão se surpreender ao saber que podem estar tomando algo capaz de aumentar os riscos de hemorragia”.

Estudo britânico confirma propriedade analgésica de hortelã brasileira


Uma xícara de chá de um tipo de hortelã tem propriedades analgésicas equivalentes às de alguns remédios vendidos comercialmente, concluiu um estudo feito no Reino Unido por uma pesquisadora brasileira.

Há séculos, a erva Hyptis crenata, conhecida como hortelã-brava e salva-de-marajó, vem sendo utilizada na medicina popular no Brasil para tratar desde dores de cabeça e estômago até febre e gripe.


Graciela Rocha e a hortelã: sabor de infância
UOL CIÊNCIA E SAÚDELiderada pela brasileira Graciela Rocha, a equipe da Universidade de Newcastle, no nordeste da Inglaterra, fez estudos com ratos e provou que a prática popular tem base científica.

O estudo foi publicado na revista científica Acta Horticulturae.
Graciela Rocha está apresentando seu trabalho no International Symposium on Medicinal and Nutraceutical Plants em Nova Déli, na Índia.

Tradição
De forma a reproduzir os efeitos do tratamento da maneira mais precisa possível, a equipe fez uma pesquisa no Brasil para descobrir como a erva é preparada tradicionalmente e que quantidades devem ser ingeridas.

O método mais comum de uso é ferver a folha seca em água durante 30 minutos e deixar que o líquido esfrie entes de bebê-lo.

Os pesquisadores descobriram que quando a erva é ingerida em doses similares às indicadas na medicina popular, ela é tão efetiva em aliviar a dor como uma droga sintética, do tipo aspirina, chamada indometacina.

A equipe pretende agora iniciar testes clínicos para descobrir quão efetiva a erva é no alívio da dor em humanos.
"Desde que os homens começaram a andar na Terra, temos procurado plantas para curar nossas aflições", disse Graciela Rocha. "Na verdade, calcula-se que mais de 50 mil plantas sejam usadas no mundo com fins medicinais".

"Além disso, mais de a metade de todos os remédios vendidos com receita são baseados em uma molécula que ocorre naturalmente em alguma planta".

"O que fizemos foi pegar uma planta que é amplamente usada para tratar a dor com segurança e provar cientificamente que ela funciona tão bem como algumas drogas sintéticas", disse Rocha.

"O próximo passo é descobrir como e por que a planta funciona".
Sabor da Infância
Graciela disse que se lembra de ter tomado o chá como cura para todas as doenças da sua infância. Ela disse: "O sabor não é o que a maioria das pessoas no Reino Unido reconheceriam como hortelã". "Na verdade, ela tem um gosto mais parecido com o da sálvia, que é uma outra erva da família das mentas". "Não é muito gostoso, mas remédios não tem de ser gostosos, não é?"
A presidente da Chronic Pain Policy Coalition, entidade britânica que trabalha para combater a dor crônica, disse que a pesquisa é interessante.

"São necessários mais estudos para identificar a molécula envolvida, mas este é um estudo interessante sobre um possível novo analgésico para o futuro", disse Beverly Collett.

"Os efeitos de substâncias semelhantes à aspirina são conhecidos desde que os gregos, na Antiguidade, relataram o uso da casca do salgueiro para cortar a febre".